Os ouvidos depois dos 50 anos
O ouvido humano, à semelhança da visão, cansa-se com a idade e perde audição. Conheça os sintomas e os cuidados a ter.
Envelhecer para a maioria das pessoas significa perder elasticidade,
força física, agilidade, entre muitas outras modificações que ocorrem em
todo o corpo. E o ouvido, tal como outros órgãos, sofre alterações à
medida que envelhecemos. À semelhança do que se verifica com a visão,
vai-se cansando com a idade, perdendo algumas frequências.
Segundo
José Saraiva, coordenador do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital CUF das Descobertas,
em Lisboa, a perda de audição “resulta num processo de deterioração das
células filiadas do ouvido interno, que, embora seja variável de
indivíduo para indivíduo, ocorre, normalmente, depois dos 60 anos”.
Existem inúmeros factores que influenciam o desenvolvimento do processo,
como por exemplo, o tipo de trabalho que desempenha ou os traumatismos
que se sofre ao longo da vida (guerra colonial, caça, etc.), e que podem
antecipá-lo.
Degradação neurológica
A perda de audição resultante do processo de envelhecimento é bilateral – verifica-se nos dois ouvidos – e proveniente da degradação neurológica
do nervo e da percepção auditiva. No fundo, “a pessoa começa a deixar
de ouvir alguns sons. As vozes femininas e as das crianças, por exemplo,
tornam-se mais difíceis de agarrar por serem agudas”.
Para José Saraiva uma das consequências mais perigosas da perda de audição é o
isolamento.
“As pessoas com problemas auditivos tendem a isolar-se. Como não
conseguem comunicar e têm vergonha de pedir às pessoas que repitam,
isolam-se o que é péssimo nesta fase da vida.”
Prevenir
Adoptar um estilo de vida saudável é, segundo o médico especialista em
otorrinolaringologia, sempre uma mais-valia para evitar problemas de
saúde. No entanto, e falando concretamente do ouvido, refere que uma das
maiores preocupações prende-se com o futuro dos jovens de hoje: “as
crianças usam muito os headphones. Prevê-se, e existem muitos estudos que apontam nesse sentido, que os jovens serão idosos com muito mais problemas auditivos, neste caso fadiga auditiva. É bom que ao longo da vida tratemos bem o ouvido para que ele depois nos recompense.”
Sintomas
O primeiro alerta a ter em consideração é a sensação que já não se ouve tão bem. Outros dos principais indícios são os zumbidos, que estão associados à perda auditiva, e o desequilíbrio físico, também ligado ao ouvido mas que, nos maiores de 60 anos, pode ter várias nuances.
“É fundamental que as pessoas façam exames regularmente e incluam o ouvido nos
check-ups,
de modo a que possam ir detectando a evolução do ouvido. E uma vez
diagnosticada a perda auditiva é importante que se mantenha a vigilância
periódica”, alerta José Saraiva.
Cada vez mais os portugueses tendem a preocuparem-se com o seu estado de
saúde, adoptando medidas de prevenção. No entanto, ainda está muito
enraizado o preconceito de que a perda de audição é uma deficiência.
“Existe algum
tabu,
em particular nos mais velhos, em relação às próteses auditivas. Eu
costumo dizer que as próteses são como os óculos a única diferença é
que, nos óculos, escolhemos a marca e a cor. O aparelho ainda é visto
como um handicap.”
A perda de audição resultante do envelhecimento não é solucionada
através de medicamentos mas sim de próteses. No entanto, não existem
valores de frequências definidos para determinar se um paciente terá ou
não de usar um aparelho auditivo. Essa solução é definida pelo paciente e
respectiva família: “quando a pessoa sente que
a perda lhe perturba a relação familiar e social é
que se recorre a material auxiliar para resolver o problema. O momento é
estabelecido mais pela família e pela pessoa do que pelo médico”.
Por isso, não seja condescendente com os seus ouvidos. Se tem
dificuldades em acompanhar uma conversa, se nem sempre ouve a campainha
ou o telefone,
procure um especialista.
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